domingo, 18 de setembro de 2016

POR QUE SUA FALTA ME DÓI TANTO?


(Para Maria Hermínia Vasconcelos Alamy, in memoriam)

Há 3 anos em vivenciaria uma das perdas mais importantes da minha vida, apesar do gesto dialético de eu ter-lhe segurado sua mão e lhe dito para ir.

A experiência da morte já não me era nova, muito menos os sentimentos advindos desta vivência. No entanto, não há como me acostumar com este tipo de perda e cada uma delas será como se fosse única, porque são tão subjetivas quanto a minha subjetividade ao sentir.

Refaço o percurso e em cada história estamos lá. Em todas! Absolutamente em todas, porque somos a divisão somada na sintonia. Pensamos e agimos da mesma maneira e por isso os conselhos eram sempre tão solicitados. Há uma forte identificação que nos constitui como fomos desde a infância, e crescemos sonhando sonhos que nunca se realizariam, mas que nos impulsionariam à dimensão infinita das possibilidades.

Entendemos desde muito cedo que uma mão estendida pode ser o limite da depressão e superamos cada percalço real que enfrentamos, às vezes com coragem e às vezes com muito medo.

Crescemos irmãs somadas à cumplicidade encontrada nos amigos, o que nos fazia rir de tudo, inclusive do trágico. Rimos ao sobreviver a um acidente de carro, rimos de medos que sentimos, rimos da doença que nos fez chorar, rimos das nossas ações tão previsíveis, mas as mãos estavam sempre ali, estendidas e prontas a segurar, e seguraram os medos, as desesperanças e as tristezas, para subvertê-los em aprendizado. Apesar de nunca termos compreendido porque queríamos tanto aprender.

Então, por que sua falta me dói tanto? Porque dialeticamente você se foi e continua presente. Simples assim!

Susana Alamy

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