segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Amor faz parte do tratamento

AMOR FAZ PARTE DO TRATAMENTO



Nunca concordei em deixar meus bichos internados. Eles são apegados à gente, nos reconhecem e nos esperam com ansiedade quando nos ausentamos.

Em nossos momentos mais difíceis, lá estão eles, cheios de amor para nos dar. Fazem-nos companhia quando estamos tristes e quando estamos alegres. Acarinham-nos ainda mais quando estamos chateados.

São sensíveis a qualquer coisa e pressentem o futuro. Ficam tristes e alegres, têm sentimentos puros e são capazes de tudo para nos agradar e proteger.

Quando adoecem e precisam de procedimentos mais invasivos, as clínicas os internam, colocam-nos longe de nós e muitas vezes em acomodações impróprias. Já vi clínicas com gaiolinhas muito pequenas e em lugares escuros e pouco ventilados. Já vi clínicas com gaiolas maiores, mas sem sol, sem acomodação para seus donos ficarem com eles, mesmo em horários de visita. Já vi clínicas com espaço maiores, tipo um pequeno quarto com janela para ver do lado de fora, bancos de concreto para subir e descer. Já vi clínicas com acomodações de gaiolas empilhadas, como se fossem algum material estocado. Já vi clínicas com gaiolas no tempo, sem proteção e sujas.

Nunca concordei em deixar meus bichos internados. Amor faz parte do tratamento e não há quem cuide melhor dos meus bichos do que eu mesma. Eles são a minha família e os meus amores. Quem tem bicho sabe do que estou falando. E gostamos mais deles do que de qualquer coisa na vida. São nossos eternos bebês. Aliás, se forem gatos são bebês eternos, dengosos; se forem cachorrinhos são crianças pequenas, pulantes e felizes.

Aí chega aquele dia fatídico, onde ficaremos com o coração na mão, quando adoecem e precisam fazer alguma cirurgia. Entregá-los a profissionais que conhecemos e confiamos não os deixa mais confortáveis, pois para eles são estranhos e não há tempo nem para adaptação.

Recentemente minha gatinha precisou de uma cirurgia e para minha surpresa eu deveria permanecer no hospital veterinário todo o tempo. A sedação seria feita pelo anestesista com ela no meu colo e só então seria levada para ser anestesiada e operada. Eu deveria continuar ali, na sala confortável que dava acesso ao bloco cirúrgico, esperando que voltasse. Durante a cirurgia vieram me informar que tudo corria bem, que ainda não tinham terminado, mas que tudo estava bem. Depois vieram me perguntar se poderiam colocar uma sonda para alimentação e medicamentos. Com o que concordei. E ao terminar a cirurgia imediatamente a trouxeram para o meu colo. Ali deveria permanecer: abraçada e quentinha no meu colo até que acordasse da anestesia. E veterinários vinham todo o tempo para ver como ela estava. Uma equipe de veterinários atenciosos e preocupados com meu bichinho.

A cirurgia teve um tempo emocional de anos. Como é duro permanecer ali na expectativa de que dê tudo certo, sem intercorrências e sem más notícias.

Voltando da anestesia e terminando o soro poderíamos voltar para casa, para nossa casa, porto seguro, ambiente conhecido e aconchegante. Nada mais justo com aquele que carece de cuidados, de atenção e de amor. Não que estranhos para o animal não deem amor a ele, mas são estranhos para ele e não há correspondência de sentimentos entre eles. Jamais poderão substituir aqueles que convivem e se amam reciprocamente.

Cirurgias, medicamentos, alimentação adequada, assepsia, tudo faz parte do tratamento, mas, sem dúvida alguma, o mais importante de tudo é o amor. Sentir-se protegido, acolhido e amado em seu momento mais difícil o ajuda a recuperar-se, assim como acontece também com os humanos.

Susana Alamy
Psicóloga Clínica e Hospitalar
psicologiahospitalar.net.br

PS: Minha gatinha Fukinha operou com o Leonardo Maciel, do Animal Center Hospital Veterinário, em Belo Horizonte/MG.

Copyright © Susana Alamy. Todos os direitos reservados. Este texto é protegido por leis de Direitos Autorais (copyright) e Tratados Internacionais. É permitida sua reprodução desde que citada a fonte.

E-mail para contato: alamysusana@gmail.com

Se gostou curta abaixo e deixe seu comentário.
Cadastre seu e-mail, logo acima do lado direito, para receber minhas publicações.


Um comentário:

  1. Muito legal, ver esse belo texto, fez-me pensar na função que tem o afeto para um ser vivo. E ressalta-se a importância da família para para o manejo de um tratamento ou recuperação de ser vivo. Uma relação de amor tem sua imprescindível relevância.

    ResponderExcluir